Chegou pedindo licença para sentar e sentou. Olhou para mim.
Olhou de novo.
Enquanto eu lia, ele intercalou:
- Tá se preparando, né?
Sorri. [Breve silêncio]
- Tá se preparando, né? Tá se preparando p'rá esse palco que é a vida.
E continuou:
- Sabe, moça, eu sou poeta. Mas, o meu estilo... Eu não sei se existe isso... É o trágico.
Esse estilo é assim, ó: você olha p'rá vida e faz a poesia! É isso.
Ele cantou, recitou, orou. Orou uma oração bonita, que só ela! Bonita e adaptada.
O poeta viajante considerou que devemos prestar atenção às orações, para adaptá-las à vida que move.
Seu Pai Nosso modificado ficou assim:
Pai Nosso que estás no céu y em todo o lugar, ajudai-me a suportar toda a imensidão dessa vida.
O poeta cancioneiro-viajante chegou, sentou.
Cantou, recitou, orou.
Passou.
Corpos são intensidades.