terça-feira, 5 de outubro de 2010

Ilusionista,
Dispõe de truques que ornam seus discursos com flores, tiradas de sua cartola venenosa.
Quase ninguém sabe mas, na verdade, as flores são armas.

Sereia,
Canta e tapa os sentidos dos que a ouvem cantar.
Seu canto dormente hipnotiza e engessa.
O canto é uma arma.

Ele é um adestrador de focas
E joga o peixe, tal como uma isca.
Para ser mordido e estraçalhado,
Para saciar a fome dos sedentos.
O peixe desperta o pior da foca.
O adestrador desperta o pior da foca:
Seu desprezo pelas outras focas e sua vontade de estraçalhar o peixe.
Tanto o adestrador, quanto o peixe, são armas.

Doutrinário,
Ensina estes animais, dá-lhes peixe em recompensa mas, ainda assim, deixa-os famintos.
Para saciar essa fome, ao invés de peixe, joga carne humana.
E eles a trucidam.
O que ele ensina é uma arma.
A fome é transformada em arma, também.


Nessa parábola, nós somos as focas.
E o adestrador doutrinário.
E a carne jogada.
E a fome.

E estamos devorando a nós mesmos.

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