terça-feira, 9 de novembro de 2010

Addendum

Olho a simplicidade de algumas pessoas na rua e me sinto um corpo de adendos. Preciso disso, preciso daquilo. Me orno com isso, me orno com aquilo. Somos o mundo pavão! Queremos tapar um buraco que cresce quanto mais o tapamos. A eterna falta! Agora, a falta do indizível, aquilo que ainda não foi inventado mas que, quando o for, terá preço. Preço!
Valor? Nenhum. Utilidade? Nem vou entrar nesse mérito...
Consumimos tanto e nos falta tanto que a falta já se instalou em nós. É gastrite, úlcera. Dor de fome que quanto mais se come, mais persiste como vontade de comer.
Somos corpos ausentes de si mesmos, pavões-autômatos andantes e nervosos. Não podemos ser tocados, para não destruir a ornamentação. Abraços? Só entre os iguais.
Meu Deus, riam, riam todos! Riam dessa deplorável condição humana. Somos homens-adendos que se pretendem completos. Completude de armário, garagem e conta bancária.

Agora riam de mim, por favor.
Preciso me livrar de mim mesma.

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