Nos meus passos, saio do centro e transbordo. Vazo para o meio e, assim, torno-me o encontro entre meus olhos e aquilo que eles veem, mesmo quando a vista é perdida, desfocada.
Eu não sou eu, mas também não sou meu entorno, o externo. Ocupo mesmo esse lugar que é o entre: uma dobra que se faz eu e fora e que, no movimento de tornar-se outra coisa a todo o momento, não fixa em nenhuma dessas formas.
Não sou meu pé (apesar de também o sê-lo), mas também não sou o chão (apesar de também o sê-lo): sou o ínfimo instante não mensurável que traduz a possibilidade de toque entre ambos. Mas, não sou o toque. Mantenho-me fluante, mas presente. Sou estrutura aberta, corpo vazado. Habito em mim e em vários, mas, não colo em formas.
Estou o tempo inteiro me reconhecendo como eu e me fazendo outras.
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